PENECTOMIA E URETROSTOMIA ESCROTAL EM CÃO COM HIPOSPADIA: RELATO DE CASO
A hipospadia é uma anomalia congênita rara em cães machos, caracterizada pela abertura anômala do meato uretral em posição ventral e caudalmente ao seu local anatômico habitual, afetando estruturas como uretra peniana, prepúcio e, ocasionalmente, o escroto. Essa condição pode resultar em obstruções urinárias, infecções recorrentes e comprometimento da qualidade de vida. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de hipospadia em cão adulto com evolução para pielonefrite e hidronefrose, destacando o diagnóstico por imagem e a abordagem cirúrgica empregada. O paciente, um cão SRD macho resgatado, de 4 anos, 12 kg, foi atendido no Hospital Veterinário Vestmais com histórico de disúria, hematúria e urina em gotejamento. Na avaliação clínica, observou-se distensão vesical e dor abdominal. Houve a tentativa de realização da sondagem uretral no qual foi malsucedida, o que suspeitou de anormalidade anatômica e obstrução parcial da uretra. Foram realizados ultrassonografia abdominal e urografia excretora, que evidenciaram pielonefrite, hidronefrose bilateral, hidroureter, urólitos renais e estenose uretral. Confirmado o diagnóstico de hipospadia associada à estenose uretral, optou-se pela realização de penectomia com uretrostomia escrotal, técnica indicada em casos de obstrução uretral distal grave. Como o animal já havia sido castrado anteriormente, a dissecção do escroto foi facilitada pela ausência dos testículos. A técnica cirúrgica consistiu na remoção do pênis desde sua base até a glande, com ligadura cuidadosa dos vasos e uretra, seguida pela criação de uma nova abertura uretral na porção ventral do períneo, na região escrotal. A uretrostomia escrotal foi confeccionada com sutura da mucosa uretral à pele, utilizando fio inabsorvível monofilamamentar nylon 4-0 e em padrão simples interrompido, garantindo boa exposição e fluxo urinário adequado. O procedimento transcorreu sem intercorrências. O paciente foi acompanhado durante todo período de internação pós-cirúrgica, apresentando recuperação satisfatória e evolução clínica favorável, com retorno à micção normal. A hipospadia é incomum em cães e frequentemente identificada tardiamente, quando já existem complicações associadas como infecções e hidronefrose. O diagnóstico por imagem é fundamental para delinear a extensão das alterações anatômicas e funcionais. A penectomia com uretrostomia escrotal é indicada em casos de hipospadia grave ou associada a estenose uretral, demonstrando-se eficaz na resolução do quadro obstrutivo e na prevenção de recorrências. O caso reforça a importância da identificação precoce de malformações congênitas do trato urinário em cães. A intervenção cirúrgica foi decisiva para restaurar a função urinária e proporcionar qualidade de vida ao animal. O manejo multidisciplinar e o acompanhamento pós-operatório são essenciais em casos de hipospadia complexa.
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